Base de Fole
Esta peça é uma homenagem aos ferreiros de Alcoutim, personagens marcantes das aldeias, seres quase míticos, pela sua importância e poder na arte de domar o fogo. A oficina do ferreiro era lugar de encontro, de cura e de transformação. O fole que dá forma a esta base, é uma ferramenta indispensável que serve para soprar o fogo na altura em que se forja o metal. Estas duas bases, uma em barro branco e outra em madeira de oliveira, criam um agradável contraste de matérias e cores. Foram pensadas para servir entradas, nomeadamente queijos, que se produzem artesanalmente na região.
Matéria Prima: Barro + Cortiça e Madeira
Artesãos: Isabel Ferreira + Fernando Martins
Design: Proactivetur_Ana Rita Aguiar
Cesta do Pão
Esta cesta para guardar pão, que recorre à arte da cestaria em cana algarvia, apresenta uma inovadora forma oval que não é habitual ver-se nos cestos tradicionais. Incorpora uma tampa no topo para resguardar e conservar o pão e duas pegas laterais de madeira que a tornam muito prática de transportar. É decorada com entrelaçados que formam um padrão geométrico inspirado nas platibandas e mosaicos algarvios. O seu interior é revestido a pano cru, que se retira e lava com facilidade. De dimensão generosa convida a guardar os saborosos pães algarvios de tamanho familiar.
A cana é um material que cresce naturalmente junto às ribeiras do Algarve.
Matéria prima: Cana + Madeira + Algodão
Artesãos: António Gomes (cestaria) + Júlia Laurência (saco de pano)
Design: Joana Cabrita Martins & Ana Rita Aguiar
Individuais de Carapulo
Este conjunto de individuais carrega a memória e habilidade das tecedeiras de Alcoutim que laboram nos seus teares feitos artesanalmente em pinho. Inspira-se nas bonitas “Colchas de carapulo” que serviam para utilizar no dorso dos animais em dias festivos. O “carapulo” é uma técnica em que se repuxa o fio de maneira a formar figuras, na maior parte das vezes geométricas que se repetem harmoniosamente. A linha branca da teia contrasta com o azul anil da lã tingida. Das muitas tecedeiras que existiam em Alcoutim, restam agora poucas. Duas dessas, teceram cuidadosamente estes individuais. São verdadeiras peças de artesanato português, são preciosas prendas feitas à mão.
Matéria-Prima: Lã + Algodão
Artesãos: Maria Teixeira + Maria Celeste
Design: Proactivetur_Ana Rita Aguiar
Tabuleiro de cana
Este tabuleiro recorre à arte da cestaria em cana do Nordeste Algarvio e complementa outra peça existente no catálogo TASA, a cesta do pão. Apresenta duas pegas laterais de madeira que o tornam muito prático de transportar. É decorado com entrelaçados que formam um padrão geométrico inspirado nas platibandas e mosaicos algarvios.
Matéria prima: Cana + Madeira
Artesãos: Jorge Romeira + António Gomes
Design: Proactivetur_Ana Rita Aguiar
Taça fruteira
Esta taça de levar à mesa cria uma surpreendente ligação entre o barro “fino” (faiança) e a “palhinha”, uma planta que ocorre na serra algarvia junto às ribeiras. A palhinha entrelaça-se na cerâmica e confere a esta peça um toque natural e muito original. A técnica da cestaria em “palha” vem do Norte de África, tendo chegado (misteriosamente) a Alcoutim, onde ainda se produzem algumas peças de artesanato português com esta palhinha da ribeira. Poderá usar esta taça como fruteira para fruta fresca ou então para guardar nozes e outros frutos secos.
Matéria-Prima: Barro + Palhinha
Artesãos: Francisco Eugénio (barro) + Rita Marta (palhinha)
Design: Proactivetur_Ana Rita Aguiar
As lides rurais, a abundância de cana-do-reino e a atividade piscatória exercida nas proximidades, criaram o costume entre os homens de aproveitar os tempos de descanso para fazer cestos e canastras.
Os cestos e canastras eram utensílios de trabalho essenciais nas tarefas agrícolas e no armazenamento e transporte de produtos e podiam ter os mais diversos formatos e tamanhos, de acordo com a função que desempenhavam. Têm hoje em dia outras finalidades, sendo muitas vezes meramente decorativas. Alguns artesãos fazem também chapéus de cana.
A cana é apanhada de janeiro a meados de fevereiro e empinadas para não se estragarem. Após este processo inicial é necessário tratar as canas, ou seja, pelar, rachar e raspar. Consoante o tamanho do cesto e a sua finalidade, assim é o tipo de cana selecionada. As canas mais grossas são utilizadas para utensílios de trabalho e tarefas agrícolas e as mais finas são utilizadas para a lida doméstica.
Para a construção dos cestos começa-se pelo fundo, utilizando uma cana mais grossa de forma a ficarem mais resistentes. Seguem-se a parede, a asa ou asas e por último os debruns, feitos com uma cana mais fina. Nos cestos de cana, como canastras, usa-se cana verde, para poder ser vergada com maior facilidade.
Os cestos de cana-do-reino Algarvios são muito variados e a sua produção está distribuída por duas zonas: a serra de Monchique até Silves, e o Vale do Guadiana.
Apesar das atividades artesanais estarem a desaparecer um pouco por todo o país, no concelho de Alcoutim ainda se praticam algumas das mais tradicionais e ressurgem outras, resultantes da capacidade de adotar, adaptar e inovar técnicas artesanais. É o caso da cerâmica, que ressurge com novas forma e cores e reinventa as louças utilitárias e decorativas, peças artísticas e azulejaria, com uma percetível inspiração na natureza, evidente nas cores e formas escolhidas.
A carne de um animal selvagem é, geralmente, mais saudável, pois viveu a sua vida em liberdade e com uma dieta natural de plantas, e tem uma qualidade nutricional maior do que a de um animal doméstico que foi criado de maneira não natural.
Alcoutim é um concelho com uma grande apetência para a atividade cinegética o que o torna no concelho algarvio com quase de metade das zonas de caça turísticas da região. A sua riqueza cinegética e a abundância e diversidade das espécies cinegéticas refletem-se na gastronomia tradicional nas famosas receitas de lebre com feijão branco, ensopado de lebre, coelho frito, arroz de coelho, açorda de perdiz, canja de perdiz, javali estufado, jardineira de veado, passarinhos fritos, entre outras que podem ser degustados nos restaurantes locais.
O pão, o azeite e o vinho constituem a trilogia sagrada da dieta mediterrânica e são ainda hoje imprescindíveis na mesa de um serrenho.
O pão, tradicional desta região serrana, é preparado com farinha de trigo, fermento, sal e água que baste para amassar. Pesa entre 800 gr e 1,5 kg e é um pão de testa (mais levantado numa das extremidades, assemelhando-se a uma dobra) e tem côdea rija, castanha clara e miolo esbranquiçado, cozido em fornos aquecidos a lenha. Com um sabor divinal e uma textura única pode servir como uma entrada, compor uma refeição, como açordas, migas e gaspachos, ou até uma sobremesa, como as apetitosas «fatias douradas».
Atualmente poderá encontrar o pão tipo tradicional, mas de fabrico industrial, à mesa dos restaurantes locais, das mercearias e minimercados e das unidades de fabrico existentes na freguesia de Martim Longo (aldeia de Martim Longo e Pessegueiro) e Vaqueiros (Alcarias), que fazem questão de manter as principais características tradicionais do pão caseiro.
A grande maioria das plantas aromáticas utilizadas na gastronomia e na medicina popular nasce e cresce de forma espontânea, mas muitas delas são possíveis transplantar para a horta. Entre as várias plantas utlizadas destacamos o poejo, planta aromática da família das mentas, muito fresca e que cresce espontaneamente, principalmente junto às linhas de água. É utilizada, essencialmente, para as açordas, caldeiradas de peixe do rio e enguias, mas também como planta medicinal sob a forma de chá. Os Orégãos são imprescindíveis para temperar saladas e fazer a conserva das azeitonas. O loureiro, também utilizado como condimento na culinária, para aromatizar refogados, estrugidos e guisados. O alecrim pode ser utilizado para grelhados de carne e peixe, bem como perfumar os cozinhados de legumes. O alho areio, em muito semelhante ao alho francês, utiliza-se nas sopas e guisados. A hortelã da ribeira é muito utilizada no tempero de caldeiradas de peixe do rio. O montraste está associada às decorações das festas dos Santos Populares e é também aplicada em chás digestivos. A erva-ursa é utilizada em chás para problemas de estômago e tosse convulsa. O funcho, para além dos chás com propriedades medicinais, é utilizado para aromatizar os figos secos, as aguardentes e as azeitonas.
Alfarroba
O seu fruto, a alfarroba, é apanhado no mês de agosto. Tradicionalmente utilizada como alimento para animais, a alfarroba tem conhecido um novo impulso e novas utilizações: desde licores a bolos, bolachas e tartes, passando pelo gelado e fabrico de chocolate. Inclusive o óleo extraído das sementes da alfarrobeira tem sido utilizado na indústria cosmética. Da alfarroba tudo pode ser aproveitado, embora a sua excelência esteja ainda ligada à semente, da qual é extraída a goma, constituída por hidratos de carbono complexos (galactomananos). Para além das já mencionadas, tem tido também aplicações nas indústrias da farmacêutica, têxtil e do papel.
Amêndoa
A apanha faz-se de meados de agosto a meados de setembro, dependendo das condições climatéricas do ano e da mão-de-obra. Após a pelagem, põem-se ao sol um ou dois dias, e a seguir são ensacadas. Pesadas ainda muitas vezes com balanças romanas, são vendidas às arrobas aos intermediários das redondezas. Também é possível adquirir a amêndoa e seus subprodutos em feiras e mercados locais, feiras de artesanato e estabelecimentos comerciais, nomeadamente supermercados locais, pastelarias, entre outros.
As amêndoas podem classificar-se em três grandes grupos: as cocas, cuja casca é extremamente mole, as molares, que oferecem pouca resistência e as durázias, que custam a partir. O miolo é mais ou menos doce ou então amargo e utilizado sobretudo na doçaria tradicional.
Figo
O figo é o fruto da figueira, altamente energético, rico em açúcar, fibra, ácidos orgânicos e sais minerais como o potássio, o cálcio e o fósforo. Pode ser consumido em fresco ou em seco. A pele é tenra, contém poucas sementes e a sua maturação é longa. Os figos de secar têm uma pele mais dura e compacta e amadurecem mais rapidamente. A secagem dos figos, embora simples, requer alguns cuidados básicos, tal como um local ao ar livre protegido da chuva e da humidade (tradicionalmente em esteiras nas açoteias ou nas eiras, secados ao sol) e frutos escolhidos, bem maduros e de casca intacta
Os figos secos, em regra preparados de forma artesanal, são geralmente vendidos nas feiras e mercados. Geralmente são conservados em cestos de cana, com funcho, erva doce, tomilho, entre outras plantas, bem acamados para que não se estraguem. Outros são torrados, com ou sem recheio de amêndoa.
O figo também é um ingrediente indispensável na doçaria algarvia. O «figo cheio», o «queijo de figo» ou o «morgado de figo» são apenas alguns exemplos de como este fruto pode ser utilizado. É também muito frequente a sua aplicação em «estrelas de figo e amêndoa», bolos, doces, licores, aguardente e também a «conserva de figos».
Figo da Índia
Entre os cultivares deste território reativaram-se produtos com larga tradição e emergiram novos que atualmente se encontram em franco desenvolvimento. O figo da índia é o caso de revalorização de um produto dito “pobre”, mas que agora se sabe ter mil e uma aplicações.
A planta Opuntia ficus-indica é uma espécie de cato, originário do México e da América do Sul, popularmente chamada de figueira-da-índia, figueira tuna, que dá o fruto figo da índia. Este é de formato oval e pode nascer de diferentes cores: verde, amarelo, rosa salmão, castanho ou vermelho. A sua casca, grossa e espinhosa, está cheia de água e a polpa é suave, gelatinosa, sumarenta e granulosa e contém pequenas sementes comestíveis. Era tradicionalmente utilizado na alimentação do porco preto e até há bem pouco tempo era desconhecido da maioria dos cidadãos, mas tem vindo a ganhar terreno existindo já pomares ordenados, podendo ter diversas aplicações, tanto na gastronomia como na cosmética. O figo-da-índia é também conhecido como “figo tuna”, “figo do diabo” e é habitualmente observável no seu estado selvagem, pendurado nas Figueiras da Índia que crescem em zonas áridas. O seu manuseamento é delicado pois a casca está cheia de espinhos quase invisíveis. Para o comer ao natural, corte os dois extremos do fruto, faça um corte vertical na casca e retire toda a pele em volta com a ajuda de um talher.
Medronho
O medronho, baga redonda e verrugosa, de cor avermelhada é fruto do medronheiro. O fruto pode colher-se entre outubro e dezembro, quando a cor fica vermelha.
O medronho, para além de poder ser consumido como fruta, é utilizado principalmente na produção de aguardente. A aguardente de medronho é um produto muito apreciado e valorizado na região. O seu processo de fabrico respeita técnicas e processos ancestrais de maturação, fermentação e destilação em alambique de cobre aquecido a fogo lente de lenha. O fruto também pode ser utilizado na confeção de licores, vinagres, doces e compotas.
A criação de gado vem desde a sua domesticação na pré-história. No período calcolítico, com a “revolução” dos produtos secundários, começou-se a produzir queijo na serra Algarvia. Este facto está bem documentado arqueologicamente no Povoado fortificado do Serro do Castelo de Santa Justa.
A cabra é o animal que melhor se adaptou às características geomorfológicas desta região e o queijo a melhor forma de aproveitar o seu leite. No fabrico de queijo, são utilizados somente produtos da região, sem qualquer adição de conservantes e corantes. O queijo é fabricado de modo tradicional, salvaguardando o sabor e o saber de séculos bem como os ingredientes tradicionais nunca esquecendo as mais rigorosas normas de higiene e segurança alimentar. É feito com o cardo cuja utilização remonta à época dos romanos, substituído, atualmente, na maioria dos queijos frescos, presentes no mercado, pelo coalho de origem animal.
A tradição de engordar um porco ou dois num pocilgo perto de casa para matar na época do natal ainda se manifesta no território de Alcoutim, mas atualmente já existem explorações que, enaltecendo os conhecimentos empíricos de sustentabilidade, preservam as técnicas tradicionais para produzir e comercializar produtos de qualidade. O animal é alimentado, em montado e pocilgo, durante meses, com cereais moídos e preparados, bolotas, prado e outro alimentos que conseguem na terra, depois é abatido e amanhado para ser rigorosamente aproveitado; as tripas são lavadas e arranjadas para receberem as carnes e vísceras picadas previamente temperadas, que seguem para o fumeiro dando origem às “chouriças” e “paios” tradicionais; as patas traseiras e dianteiras, os lombos, a papada e a barriga são talhadas, preparadas, conservadas em sal durante algum tempo e depois seguem para o fumeiro onde acabavam de curar; as partes gordas são derretidas para banha e torresmos.
A riquíssima flora silvestre, como o rosmaninho, o alecrim e a esteva, dão às abelhas a oportunidade de produzir o verdadeiro néctar dos “Deuses”. O mel é um produto natural, durável e rico em minerais, explorado de forma ecológica pelo homem há milhares de anos, associando as técnicas ancestrais aos modernos equipamentos no cumprimento rigoroso das exigências vigentes de higiene e segurança alimentar. Aqui, destaca-se como alimento natural de elevada qualidade e sabor incomparável, devido à ausência de poluição e químicos. Atualmente é uma atividade em expansão, atraindo jovens produtores com o objetivo da profissionalização.
“Água Mel”
A “água mel” é um produto tradicional produzido no sul do país, sobretudo no baixo Alentejo e serra algarvia. É um subproduto da apicultura, obtido a partir dos restos de mel e pólen que ficam nas ceras após a cresta do mel. A maioria dos apicultores tradicionais, fazendo uso de técnicas e conhecimentos tradicionais, produzem esta iguaria muito apreciada por todos. Contam os mais idosos que em tempos recuados o mel era para consumo dos “Lavradores” (proprietários das terras) e a “água mel” o quinhão dos trabalhadores e jornaleiros. Na verdade, o seu sabor é um deleite ao paladar de qualquer ser humano. Perde-se na memória dos tempos a sua utilização como alimento, sobretudo acompanhando pão e queijo, ao café da manhã (pequeno almoço) e à merenda (lanche). Muitas vezes a “água mel” pode substituir o mel em receitas de bolos e doces tradicionais, bem como servir de adoçante no chá, no leite, nas papas de milho, etc. Atualmente também passou a integrar a cozinha “gourmet”, enriquecendo pratos com sabor, aroma e tradição.
A azeitona é o fruto da oliveira, árvore da bacia do mediterrâneo conhecida há milhares de anos. As azeitonas têm várias colorações do verde aos tons acinzentados, dourado, castanho-claro, roxo ou preto. Quanto mais escuro, mais tempo o fruto madurou. Cerca de 25% da sua composição é azeite de oliva, sendo rico em ácidos gordos benéficos para incrementar os níveis do "bom colesterol".
À mesa, a azeitona, marca sempre presença “britadas”, “retalhadas”, “conservadas no sal” ou “doces em água”, bem como o azeite é tempero indispensável.
Os principais produtores de azeitonas são Espanha (o maior produtor), Itália, Grécia, Turquia, Tunísia, Marrocos, Síria, Argentina e Portugal. O maior olival do Mundo, era até á pouco tempo, pertença da empresa Sovena (Azeite Andorinha e Oliveira da Serra) do grupo Mello com 9700 hectares (situado no Alentejo).
O azeite é um dos três alimentos básicos da dieta mediterrânica. Os Gregos e os Romanos, verdadeiros apreciadores e produtores de azeite, eram pródigos a descobrir-lhe aplicações. Para além do uso culinário, utilizavam azeite como medicamento, unguento, bálsamo ou perfume, combustível para iluminação e impermeabilizante de tecidos.
No baixo Guadiana a colheita das azeitonas é aproveitada para a “conserva” e para a produção de azeite. A oliveira e o azeite ocupam uma posição privilegiada na cultura do mundo rural e no concelho de Alcoutim.
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