Deixar-se perder pelos recantos da Serra do Caldeirão
(de carro/moto/bicicleta)
Comece este seu roteiro na aldeia de Giões. Chegando cedo poderá tomar o pequeno-almoço ou o café da manhã no Café Restaurante O Poço Novo. Peça um doce ou bolo regional, já que também tem serviço de pastelaria regional.
O seu passeio de hoje vai começar junto à igreja matriz, templo quinhentista consagrado à Nossa Senhora da Assunção, que foi recentemente restaurado e pintado nas suas cores branca e azul.
Saindo dos Giões, deixamos-lhe duas opções de passeio para ver pormenores de arquitetura típica regional. Pode tomar o percurso pedestre “ O Viçoso” e ir até ao monte que tem este nome, a 3 quilómetros, local de enorme beleza que foi alvo da desertificação chegando ao abandono, pelo caminho seguramente poderá encontrar espécies cinegéticas como a perdiz, o coelho bravo, a lebre e com sorte algum javali ou veado.
A segunda opção que lhe damos é tomar a estrada que irá dar aos montes dos Farelos e Clarines, povoações vizinhas e que se caracterizam pelo tradicional casario e elementos muito peculiares da arquitectura serrana como os currais, as ramadas, os palheiros, os fornos e fornalhas, as azinhagas, etc. Já terá notado por esta altura que estamos num território de gentes simples do mundo rural, antigamente “moirais” que iam trabalhar a jorna a ceifar nos campos da região vizinha do Alentejo. Em Clarines, damos um destaque especial para a beleza da capela de Nossa senhora da Oliveira, pequeno templo religioso ligado a uma lenda da aparição da Virgem sobre uma oliveira. A árvore diz-se que teria poderes curativos, segundo testemunhos descritos de que quem visitava o lugar e colocasse a cabeça numa cavidade do seu tronco se curava das enxaquecas. E assim o local tornou-se num pequeno centro de peregrinações. A Oliveira continua lá no seu sítio e é testemunho do passar dos anos.
Quando sair dos Clarines regresse à estrada municipal 124 e tome a direcção de Martim Longo, mas antes de chegar a esta aldeia vire à sua esquerda para ir visitar o monte de Santa Justa, em especial o núcleo museológico Escola primária. Aqui poderá sentir-se integrante de uma sala de aula do período da ditadura do Estado Novo, com as carteiras dos alunos, a secretária do professor ou professora, o quadro a giz, os mapas de Portugal e das suas províncias ultramarinas os manuais escolares da primária e do ensino recorrente para adultos, os pesos e medidas, jogos, entre outros objectos. Imagine um passado não muito longínquo, de cerca de 4 décadas, em que em muitos dos montes do concelho existia uma escolinha como esta.
Continue o seu passeio em direcção a Martim Longo. Esta aldeia sempre foi em parte a capital da economia serrana deste território, centro de actividades como olarias, padarias, tecelagem, e também um dos pontos centrais da Serra do Caldeirão de onde partiam os almocreves para vender produtos nos mercados e feiras da região.
Faça uma caminhada aldeia a dentro pela Rua Antero de Quental onde poderá ver os murais do Cantinho da Memória, homenagem ao Ciclo do Pão e às gentes da serra que tinham neste produto a base do sustento alimentar das suas famílias.
Ao lado destes murais irá encontrar o Espaço Gerações, onde na sala de exposições do piso superior poderá encontrar uma montra de produtos endógenos da região, com mel, água – mel, cerâmicas, trabalhos em cestaria e alguns produtos TASA ( projecto Técncias ancestrais, soluções actuais), bem como uma mostra online de todo o património do concelho. Na mesma sala encontrará uma exposição de bonecas de juta, uma arte que foi desenvolvida durante vários anos nesta aldeia pelo atelier da Flôr d’ Agulha, em que cada uma das bonecas representava uma pessoa da povoação e o seu ofício ou tarefa na casa e no campo. Sinal dos tempos, o atelier encontra-se atualmente fechado, mas as bonecas ainda são consideradas um exlibris do artesanato da região.
Siga em direcção à Igreja Matriz, que remonta ao século XV, que se destaca pelos portais e contrafortes do período gótico. No espaço envolvente vai encontrar o prolongamento do Cantinho das Memórias, aqui a homenagear as “Janeiras”, tradição que consiste no cantar de músicas pelas ruas da aldeia e dos montes, de porta em porta, por grupos de pessoas anunciando o nascimento de Jesus e desejando um feliz ano novo.
Neste mesmo espaço poderá encontrar a estátua da infusa, obra desenhada pelo arquitecto Vitor Brito, em alusão à atividade dos oleiros que existiram na aldeia que chegaram a ser mais de 30 no final do século XIX e que produziam peças utilitárias vendidas em mercados e por almocreves de toda a serra algarvia. A infusa é uma bilha de boca larga, com bico, e uma só asa, utilizada para o vinho ou para a água.
Possivelmente depois desta primeira metade do dia poderá estar com a “barriga roncando” e vai querer “matar o bicho”. Em Martim Longo pode apreciar a boa gastronomia da serra, entre outras sugestões que lhe podemos sugerir, no Restaurante Monte Branco, à saída da aldeia, em frente às Bombas de Gasolina. Poderá provar as migas, o cozido de grão, alguma especialidade de borrego ou ainda pratos de caça. Lembre-se está numa zona com grande apetência para a cinegética e aqui na aldeia de Martim Longo, realiza-se cada ano, no segundo fim-de-semana de Novembro, a Feira da Perdiz, com exposições e torneios de caça, feira de artesanato, caminhadas, trails, e outras actividades. A Perdiz Vermelha é a rainha da caça menor por esta região e seguramente nos seus passeios pelo concelho já se cruzou com algumas. Outros eventos anuais importantes na aldeia são o Festival de Folclore e Feira de Artesanato de Martim Longo, em Julho e a Festa Tradicional, no primeiro fim-de-semana de setembro.
Também referente à atividade cinegética no concelho, poderá visitar na avenida Comendador Francisco Amaral, a estátua do Caçador, obra do artista Carlos de Oliveira Correia.
Antes de sair da aldeia, caso queira levar consigo um produto da aldeia passe pela padaria e leve um apetitoso pão de cabeça serrano ou um bolo de massa de pão da empresa Nélibruno.
Siga pela estrada nacional 124 pela serra do Caldeirão a dentro em busca de paisagens que causem-lhe deslumbre, depois de passar o Monte da Barrada, quando chegar à ponte da Ribeira da Foupana, estacione e dê um passeio pela ribeira, na parte esquerda da estrada vai encontrar forma de descer ao leito da ribeira e se seguir em frente irá dar à azenha do Silvestre. Deixe-se ficar aqui por uns momentos a ouvir a água a correr na ribeira, a ouvir os pássaros e a contemplar a beleza dos loendros e outra vegetação existente.
Continuando o roteiro pela estrada, poucos quilómetros à frente vai encontrar o cruzamento para O Barroso e as Mestras onde se quiser poderá parar para ver os tradicionais casarios dos montes do interior da serra algarvia. Muito perto do Barroso poderá aceder por caminhos de terra batida Moinho de Água dos Furadouros, aconselhamos a descer a pé e disfrutar da caminhada, para poder ver com atenção esta construção na ribeira da Foupana.
Depois desta visita siga a estrada entre o Barroso e as Mestras em direcção ao Pereirão. Antes de chegar a esta povoação vai encontrar à sua esquerda o moinho de vento do Pereirão, possivelmente o último moinho de vento a funcionar no concelho de Alcoutim, e que cada ano por altura do Festival de Caminhadas, organizado no segundo fim-de-semana de março é colocado a funcionar, sendo o tema central de caminhadas que arrancam de aqui por caminhos e veredas pelas redondezas, e por locais de extrema beleza como o vale onde se encontra o Monte da Estrada. Do Pereirão tome a estrada N 124- 2 direcção ao Pessegueiro e a Martim Longo. Se quiser pare no Pessegueiro, no café restaurante o Figo doce a tomar um café ou um lanche, pergunte pelos enchidos da zona, neste monte pode também encontrar a Padaria Mestre Lúcio.
Já de regresso ao seu alojamento, antes de terminar passe pelo monte do Diogo Dias. Neste monte encontram-se as explorações agrícolas da empresa Luzagro, com a sua plantação de olival em regadio, e produtos tradicionais, biológicos com a azeitona mançanilha, o azeite, doce de figo da India e mel. Com reserva para grupos de pessoas esta empresa pode organizar: Oficinas de provas de azeite, visitas guiadas ao olival com pequenos-almoços ou lanches tradicionais e cursos de cozinha com os seus produtos.