Site Autárquico de Alcoutim

Modos, Gentes e Lugares

(de carro/moto/bicicleta)

A identidade desta região só fica a ser realmente conhecida quando o visitante parte para o imenso interior do Município de Alcoutim. É percorrendo as estradas do concelho que irá encontrar o lado mais genuíno das suas gentes, parando nas aldeias e nos “montes”, pequenos aglomerados populacionais isolados na vastidão do território e caracterizados por uma arquitectura rural condicionada ao relevo, ao clima, às matérias-primas, à tradição e ao saber-fazer, onde se destaca a brancura do casario e paredes de xisto.

É neste cenário que irá testemunhar momentos de uma impressionante tranquilidade impar, onde reina a beleza silvestre da esteva numa paisagem agreste marcada pelo sol associados aos ruídos, aromas e cores do Algarve Natural, que atinge o máximo esplendor na Primavera. Este é um dos melhores momentos do ano para partir à descoberta do município.

Se pretende disfrutar da beleza da paisagem e ao mesmo tempo aprender das tradições e do património local, desloque-se até à aldeia do Pereiro.

Comece por deslocar-se à Casa do Ferreiro, um pequeno núcleo museológico onde pode presenciar as memórias e objetos de um dos ofícios que marcaram as vivências laborais e tradicionais desta aldeia. Em uma região de criadores de gado, alguns ofícios eram indispensáveis no quotidiano rural. Nesta aldeia realiza-se todos os anos no dia 25 de abril a feira de São Marcos, cuja origem se perde no tempo e tem a referência de ser uma das feiras de gado mais importantes da região. Não perca a oportunidade de voltar nessa data e visitar este mercado popular, com as suas características trocas comerciais de produtos agrícolas, animais, utensílios para a casa e para o campo, encontros de folclore, postos de comida, etc, e presenciar a azáfama típica do evento. São Marcos é aliás santo protector dos campos, das colheitas e dos gados e na região próxima do Alentejo também existe grande quantidade de povoações que têm festas, feiras e mercados consagradas a este santo.

Aproveite para dar uma volta pela aldeia caracterizada pelo seu pitoresco casario alvo distribuído nas ruas irregulares de traçado rural e popular de feição serrana.

Não deixe a aldeia sem ir ver a igreja Matriz de são Marcos, datada do século XVI.

Siga viagem até bem perto…ou se preferir realize o itinerário que lhe vamos propor com uma caminhada pelo percurso pedestre marcado “ Caminhos da Fonte”, e se gosta de observar a natureza fique por uns momentos na Barragem do Pereiro, que é um dos pontos principais no território para observação de aves como a cegonha branca, o pato-real, a galinha de água, e na altura das migrações existe aqui uma pequena colónia de Perdiz-do-mar (Glareola pratincola), possivelmente a situada mais a norte do Algarve!

Continue o percurso e não se surpreenda de encontrar pela sua frente perdizes, coelhos bravos e lebres, está num território com um enorme valor cinegético, onde há pouco mais de 100 anos a família real vinha caçar…

Nesta caminhada vai encontrar um daqueles lugares de rara beleza e encanto que o tempo tenta apagar, o monte da Silveira, uma pequena povoação de lavradores, que quis a história que ficasse abandonado. Desde há mais de 25 anos que aqui já não vive ninguém, sendo que algumas vezes se pode encontrar aqui algum dos seus antigos habitantes com o seu rebanho de cabras. Adentre-se nas ruelas do monte e aprecie as construções tradicionais da serra algarvia, mas cuidado não entre dentro das casas…siga a azinhaga de pedra a sul que vai dar ao poço da povoação.

Perto de aqui ainda existem outros montes que chegaram a este estado, mas que são locais para gozar de momentos de silêncio em comunhão com a natureza e o património como a Portela ou os Matos.

Regresse à aldeia do Pereiro e prossiga com o seu roteiro. Tome a estrada das Alcarias Covas, montes de igual beleza para disfrutar a arquitectura típica tradicional. Siga pela estrada até ao final da freguesia. Desde a estrada, vai começar a avistar bem lá de cima o vale da ribeira da Foupana, se quiser pare o carro junto à ponte e faça um pequeno passeio junto à ribeira, pode ser que nesta paisagem seca e agreste consiga encontrar algum pequeno charco ou pego, onde se possa refrescar um pouco.

 Do lado de lá da ponte já está em outra freguesia do concelho, a de Vaqueiros. Pare no Monte da Alcaria Queimada e observe a simplicidade da capela de São Bento, edifício religioso que possivelmente remonta do século XVII. No dia 9 de Agosto celebra-se a romaria de São Bento, que é umas das maiores do concelho e com bastante antiguidade. No altar existe um buraco onde os peregrinos metem uma parte do corpo três vezes para curar as enfermidades de que padecem. O monte é bastante pequeno, dê um pequeno passeio a pé, pode ser que encontre em algum poial de uma casa algum cesteiro a trabalhar a cana.

Depois de deixar a Alcaria Queimada siga a estrada para Vaqueiros, uns quilómetros adiante vai encontrar o monte do Zambujal, onde está sediada a empresa Feito no Zambujal, que tem aqui nos seus campos cerca de 200 porcos alentejanos soltos, criados de forma 100% natural, alimentados de cereais, restos de horta e alimentos naturais. A empresa transforma a carne em enchidos e presuntos, que são depois vendidos a restaurantes e ao visitante. Este é um ótimo local para com tempo reservar um almoço ou lanche tradicional com base em pratos regionais à volta do porco, do borrego, dos cozidos de grão ou à montanheira e outras iguarias, acompanhadas de um bom vinho caseiro e das aguardentes de figo e medronho tão típicas da região. O Feito no Zambujal é o exemplo perfeito de gente jovem que voltou às terras de origem para apostar no desenvolvimento de um negócio familiar. Pode aproveitar para pedir para visitar o fumeiro e visitar a loja de venda de produtos.

Tome a estrada para Vaqueiros, mas quando chegar ao último cruzamento vire à direita em direção aos Bentos, monte localizado num vale em anfiteatro natural junto à Ribeira de Odeleite. Aqui o cenário é de uma harmonia total entre a natureza e a ocupação humana. Faça uma caminhada pela ribeira, e deixe-se invadir pelos sons do campo, a água a correr na ribeira, o chilrear dos pássaros e o chocalhar das cabras algarvias que existem nos currais junto ao monte e que por vezes encontramos a pastar junto às suas margens.

Para acabar o dia tem duas opções uma para cada sentido. Poderá seguir em frente pela estrada que vai á sua esquerda em direcção ao Monte dos Cabaços, onde poderá encontrar a Casa de Pasto Rodrigues e provar a doçaria regional: bolos de alfarroba, amêndoa, laranja, nógados e filhoses, entre outros. Aqui por encomenda também pode pedir uma refeição tradicional como as cabidelas de galo de campo, as migas com entrecosto, o cozido de grão, entre outas.

A segunda opção que lhe damos é a de nos Bentos voltar para trás em direção A Vaqueiros, aldeia sede de freguesia localizada num pequeno vale, caracterizada pelo seu alvo casario serrano que se espalha, mostrando os seus séculos de história. Esta foi uma importante região mineira, com registo de quatro minas de cobre: Alcaria Queimada, Pedras de Galinhas, Serras de Fora Merenda e Cova dos Mouros. A aldeia apresenta uma orgulhosa igreja Paroquial do século XVII. Uma data interessante para voltar a visitar Vaqueiros é no primeiro Domingo de Março, data em que se organiza a Feira do Pão Quente e do Queijo Fresco, evento em que se juntam os produtores destes e outros produtos do campo, artesãos e mestres de ofícios, num dia de animação com concertos de música popular e ranchos folclóricos.

Para terminar este seu dia de roteiro por parte da Serra do Caldeirão, caminhe até à barragem da aldeia onde se encontra a Fonte da Parra e contemple aqui o entardecer ao som do coaxar de sapos e rãs e imagine-se em um enredo de uma lenda de mouras encantadas: “ Numa fonte, há uma figueira sob a qual tem aparecido uma bela moura, chamada Princesa, admiravelmente vestida, que pede às pessoas, às quais aparece, que a desencantem a troco de muitos tesouros guardados por um mouro gigantesco cuja habitação está escondida numa covo designado por ‘Cova da Moura’. Para ser desencantada, é mister que o sujeito trave luta com o mouro gigantesco e o vença e é aqui que está a dificuldade, ninguém se atreve a lutar com o mouro pelo receio de ser vencido ou morto”.

 

 

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